Estratégia de gestão territorial desenvolvida no âmbito do Programa Corredor Azul de Wetlands International, é validada por indígenas Kadiwéu

10/04/2019

Por Leandro Barbosa

Validação do Plano de Vida na Aldeia Alves de Barros | Foto: Pedro Cristofori
Validação do Plano de Vida na Aldeia Alves de Barros | Foto: Pedro Cristofori

Em março, foi validado o Plano de Vida do Território Indígena Kadiwéu. A estratégia de manejo territorial foi elaborada por lideranças e comunidade indígenas sob a facilitação da antropóloga, Kátia Favilla, através de oficinas de construção e produção de etnomapas. Foram cerca de 30 visitas para formular o documento que pontua os desafios da comunidade e as possíveis saídas para superá-los. O Plano foi produzido de acordo com as diretrizes da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas - PNGATI, feito de forma participativa, a fim de garantir a gestão e sustentabilidade do território.

A validação é o momento onde é apresentada às lideranças e representantes das aldeias as demandas e estratégias para o território Kadiwéu, pontuadas pelos indígenas ao longo de todo o processo de produção do Plano de Vida. O documento foi apresentado em três das seis aldeias que contemplam a terra indígena com cerca de 550 hectares, a saber: Barro Preto, Alves de Barros e Tomazia. Durante a validação, estiveram presentes Keyciane Pedrosa e Miguel Jordão, da Funai, e os representantes da Prefeitura de Porto Murtinho, Helton Benitez, Felipe Sampaio e Durval Morais.

Apresentação dos etnomapas na Aldeia Barro Preto | Foto: Pedro Cristofori
Apresentação dos etnomapas na Aldeia Barro Preto | Foto: Pedro Cristofori

Para Kátia Favilla, "o Plano de Vida Kadiwéu é importante justamente para pensar de que maneira as aldeias que estão distantes se conversam, se ligam, e mais do que isso, faz pensar em como eles se conectam, fiscalizam e mantêm o território que eles têm, que é muito grande". Kátia ainda afirma que a presença dos indígenas é essencial para a conservação ambiental de toda a região. "O território se encontra conservado e ambientalmente saudável, porque eles [Kadiwéu] estão ali, e, se eles saírem de lá, muito provavelmente esse território vai ficar doente".

Indigenas Kadiwéu, da Aldeia Tomazia, em uma oficina de produção de etnomapas | Foto: Kátia Favilla
Indigenas Kadiwéu, da Aldeia Tomazia, em uma oficina de produção de etnomapas | Foto: Kátia Favilla

Para Laércio Barbosa, uma das lideranças Kadiwéu que participou da construção do Plano, a implantação da estratégia vai auxiliar a comunidade a organizar as suas ações. "Com o Plano de Vida nós podemos nomear os itens que a gente acha de extrema importância, antes a gente não tinha em mente aquilo que a gente queria", afirmou.

A estratégia também se relaciona com o conceito de Territórios Indígenas de Conservação e Áreas Conservadas por Comunidades Locais - TICCA, que é um componente do Programa Corredor Azul - Pantanal, da Wetlands International, implementado no Brasil pela Mupan. Por intermédio dele, comunidades quilombolas, indígenas e povos tradicionais são convidadas a participar de diálogos e a conhecer estratégias e ferramentas que visam ampliar o reconhecimento dessas comunidades como principais mantenedoras dos territórios em que vivem.