Pantanal em chamas, uma responsabilidade compartilhada

30/08/2019

Atenção especial para proteger as áreas úmidas do Pantanal durante a estação seca

Queimada na região do Pantanal | foto: SBDA
Queimada na região do Pantanal | foto: SBDA

Nas últimas semanas, os olhos do mundo se voltaram para o Brasil devido as queimadas ocorridas na Amazônia. O que pouco se tem noticiado é que uma das maiores planícies inundáveis do planeta, o Pantanal, também está sofrendo com as chamas.

Com mais de 175.000 quilômetros quadrados, que se estendem pelos estados brasileiros de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além de territórios do Paraguai e da Bolívia, o Pantanal desempenha papel crucial para a manutenção dos extraordinários níveis de biodiversidade e diversidade do ecossistema.

Planícies alagáveis e outras áreas úmidas absorvem, filtram e liberam lentamente a precipitação nos rios, neutralizam poluentes e ajudam a mitigar os impactos de inundações extremas, secas e tempestades.

A estação seca torna o Pantanal mais vulnerável a incêndios naturais, que fazem parte de sua dinâmica, no entanto, as ações e desenvolvimentos humanos aumentaram a intensidade e a frequência das queimadas, culminando em incêndios não controlados, que colocam em risco áreas prioritárias para a conservação e a resiliência ecológica do Pantanal.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostram que neste ano os focos de incêndio, só no estado de Mato Grosso do Sul, já passam de 4.000. Número que é 286% superior ao registrado em igual período de 2018. A situação é alarmante e inaceitável em tempos que tanto se reverbera a preservação da natureza.

Corumbá (MS) desponta como o segundo município em surtos de incêndio no Brasil, com mais de 2.250 surtos. E quando falamos das queimadas que afetam comunidades tradicionais e indígenas, os dados são ainda mais estarrecedores, com um aumento de 800% em relação ao ano passado.

Diante desse cenário crítico somos obrigados a nos pronunciar sobre os impactos causados pelos incêndios florestais, que não prejudicam apenas para a nossa região, mas também levam sérias consequências aos grandes centros - como foi noticiado recentemente, as densas camadas de fumaça que transformaram a paisagem da cidade de São Paulo, elevando ainda mais seus níveis de poluição.

Precisamos de ações imediatas para evitar que continue a expansão do fogo e seus impactos. Que medidas sejam tomadas para restaurar os danos ambientais e a saúde pública.

Fazemos aqui um chamado aos governantes dos países, que têm a responsabilidade de garantir o desenvolvimento e o bem-estar dos cidadãos, protegendo efetivamente um ambiente saudável, fundamental para alcançar o desenvolvimento sustentável.

Pedimos que revisitem suas atuais políticas, ora contraditórias e burocráticas e as atualizem para que incentivem o uso da terra de acordo com o seu potencial. Isto implica na implementação de melhores tecnologias para a produção, recuperação de terras degradadas, pesquisa e monitoramento visando aumentar a produtividade do solo em terrenos adequados para produção.

Soluções serão alcançadas somente com ações concretas e coordenadas envolvendo os diferentes setores para gerar o bem-estar que todos ansiamos, promovendo um ambiente salutar para toda a sociedade.

Wetlands International
Brasil
Assessoria de Comunicação
comunicacao@mupan.org.br