Pantanal ajuda a combater o avanço das mudanças climáticas

25/03/2020

Entenda um pouco mais sobre a importância deste bioma

Foto: José Sabino
Foto: José Sabino

É sabido que temos que preservar e conservar a natureza para que a humanidade prospere em conjunto com o planeta. As áreas úmidas são ecossistemas na interface entre ambientes terrestres e aquáticos, continentais ou costeiros, naturais ou artificiais, permanente ou periodicamente inundados ou com solos encharcados, além de essenciais para que enfrentemos as mudanças climáticas que o mundo tem passado nas últimas décadas.

O Pantanal é considerado um ambiente de área úmida e a Wetlands International no Brasil, por meio do Programa Corredor Azul, tem como objetivo salvaguardar a saúde e conectividade do Sistema Paraná-Paraguai de áreas úmidas em benefício das pessoas e da natureza.

Esse bioma constitui a maior área úmida contínua do planeta, compreendendo os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e abrange ainda a Bolívia e Paraguai. É fundamental no combate às mudanças climáticas, causado por fenômenos naturais e agravados pelas ações humanas. Fala-se muito no aquecimento global, mas precisamos entendê-lo para nutrir os processos que protegem nosso planeta do aquecimento gradual das temperaturas e intensificação de fenômenos extremos, como enchentes, furacões, grandes secas e outros.

O efeito estufa é um evento importante, natural e essencial para se manter a Terra aquecida e com vida, porém, tem sido agravado pela ação humana que o intensifica, uma vez que muitas de nossas atividades liberam gases que aumentam o efeito estufa, como a queima de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural), o desmatamento de vegetação nativa, os incêndios, cultivo de gado, entre outras.

"As áreas úmidas são partes importantes para a resiliência às mudanças climáticas, sob diversos aspectos. O Pantanal, como área úmida, ao reter uma grande quantidade de umidade em seus pulsos de enchentes e vazantes, mantém uma enorme produtividade primária, que absorve CO2 e o processa nas cadeias tróficas, contribuindo para o equilíbrio de gases de efeito estufa", explica Wilson Cabral, pesquisador e professor na área de meio ambiente e sustentabilidade, com ênfase em economia ecológica, mudanças climáticas e serviços ecossistêmicos do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica).

"Por outro lado, justamente por ser um ambiente sazonalmente dinâmico, funciona como uma reserva hídrica nas secas e arrefecedor de enchentes críticas nas cheias, contribuindo naturalmente para a adaptação climática em cenários futuros", completa o pesquisador.

No entanto o Pantanal corre sérios riscos se não mudarmos nossos hábitos em relação ao meio ambiente. "As projeções para a região são de aumento médio de temperatura do ar e possível redução da precipitação em algumas áreas, especialmente nas cabeceiras dos rios formadores do Pantanal. Isso pode alterar limites biológicos, com possíveis impactos na biota", aponta Cabral.

Ele ainda afirma que a diminuição da precipitação levaria a uma redução de vazão e, consequentemente, dos níveis dos rios, o que também traria impactos ao reduzir habitat aquático. "O aumento da frequência de eventos extremos, tanto de precipitação, quanto de estiagens, também pode implicar em impactos pontuais, com maior taxa de ocorrência", informa.

Pequenas ações já ajudam na conservação e preservação do meio ambiente, como ter cuidado com os resíduos e o lixo, não os jogando na natureza e separando os orgânicos dos recicláveis. As áreas úmidas são muito sensíveis, por isso diminuir o desmatamento é fundamental. Cuidar o período das secas para evitar incêndios, bem como buscar informações nos órgãos públicos de meio ambiente, organizações não governamentais e participar dos conselhos consultivos de seu município.