Nos primeiros 71 dias de 2020 Pantanal registra 674 focos de incêndio
Número elevado revela primeiro trimestre atípico na região
Final de Verão é o momento em que o Pantanal deve ter grande áreas inundadas, quando os eventuais incêndios causados naturalmente por raios ou intencionalmente pelos agricultores, em geral não se expandem muito.
Esse não é o retrato de 2020, que até o dia 11 de março já havia registrado 674 focos de incêndio na região, dos quais 399 foram registrados em Corumbá (MS) e 162 em Poconé (MT), de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Em comparação com o mesmo período do ano passado, quando ocorreu 593 focos de incêndio na região, houve um aumento de 13%, conforme dados do INPE. 2019 foi um ano intenso de incêndios no Pantanal e com baixa precipitação para a época. O alto número de focos de incêndio de 2020 reflete mais uma vez essa falta de chuva durante o verão no bioma.
Segundo o Instituto Nacional de Metereologia (Inmet), nos dois primeiros meses deste ano choveu 221 mm, no entanto em igual período de 2019 choveu apenas 161 mm, 37,3% menos, e mesmo assim há um aumento nos focos de incêndio. Nos primeiros 11 dias de março ainda não foi registrado chuva.
Visto que está chovendo mais em 2020 que no ano anterior, o baixo índice de precipitação não é a única causa do aumento dos incêndios, mesmo que agrave a condição. Um diagnóstico preciso e urgente deve ser feito para descobrir os outros fatores que contribuem para as queimadas.
Em carta aberta publicada pela Wetlands International em 29 de outubro de 2019 foram apontadas outras razões que fazem aumentar os incêndios: corte de orçamento do IBAMA e do INPE, reação tardia de um corpo de bombeiros com capacidade reduzida, falta de ação por parte do governo em mobilizar força do Estado para controlar o fogo e falta de capacitação humana da práticas de manejo com fogo adequadas para a região. A carta completa pode ser acessada aqui.
Ano passado as queimadas registraram um recorde histórico em nosso ecossistema, com um aumento de mais de 300%. São áreas de alta relevância para conservação ambiental, como Porto Jofre, localizada na divisa de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, onde há grande biodiversidade, por isso este novo aumento é alarmante.
A Wetlands International Brasil, por meio do Programa Corredor Azul, e a Mupan - Mulheres em Ação no Pantanal acompanham com preocupação esse cenário e esperam uma rápida e efetiva resposta de nossos governantes para conter a ocorrência.