Narrativas resgatam modos ancestrais e tradicionais de uso sustentável de recursos naturais do Pantanal
Comunidades tradicionais e indígenas (Kadiwéu e Ayoreo) da região de Porto Murtinho (BR), de Capitán Carmelo Peralta e Fuerte Olimpo (PY), foram os locais percorridos pela escritora Regina Rapacci, com a equipe do Programa Corredor Azul (PCA-Pantanal), entre os dias 1 a 11 de maio. No escopo das visitas estava a coleta de relatos sobre formas ancestrais e tradicionais para o uso sustentável de recursos naturais.
Em sua primeira passagem por Mato Grosso do Sul, que ocorreu entre 19 e 29 de agosto de 2018, a escritora teve a experiência de conhecer e ouvir ribeirinhos, pescadores e povos tradicionais dos municípios de Corumbá, Coxim, Sonora e Pedro Gomes.
Nessa nova jornada, estabeleceu-se uma abordagem mais focada no processo de exploração dos elementos disponíveis na região, com destaque nas etapas do manejo, que vão da colheita da matéria-prima, passando pelo beneficiamento até a concepção do produto final.
"Tive a oportunidade de conhecer aldeias indígenas e ribeirinhos e foi incrível ver como é o olhar dessas pessoas sobre os recursos, principalmente as mulheres. Nos deparamos com o conhecimento ancestral: o jeito que é dado forma ao artesanato, como esses recursos são extraídos. De onde vem esse aprendizado? Me inspirou um respeito muito mais profundo por toda essa gente e sua cultura", disse Regina.
Cerca de 20 pessoas contaram suas histórias, sobre o desenvolvimento de suas atividades, a importância em suas vidas e como transmitem o conhecimento. Entre as atividades praticadas estão a pesca, a apicultura, a criação de ovelhas para o aproveitamento da lã, o manejo do couro, o uso do caraguatá e do carandá na confecção de adornos e utensílios.
As diversas possibilidades de aplicação dos bens naturais, confirmam o importante papel das comunidades tradicionais e indígenas na conservação das áreas úmidas, destacando a necessidade da manutenção do modo de vida.
Regina Rapacci tem seu trabalho voltado a biografias e capta as narrativas através da contação de histórias (storytelling). O método possibilitou resgatar tradições e metodologias no uso dos recursos naturais e permitiu que os interlocutores repassassem sabedoria em unir geração de renda e respeito à natureza. Os relatos serão compilados como forma de manter e promover essas culturas e ao mesmo tempo fomentar novos meios de economia. O storytelling integra o componente Conhecimento do Programa Corredor Azul, da Wetlands International.