INPP promove palestra “Colapso de Fronteiras: o que a onça-pintada nos ensina sobre conectividade e resiliência no Pantanal”

O Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal (INPP) realizará, no dia 28 de agosto, mais uma edição do Ciclo de Palestras Wolfgang J. Junk 2025, com a presença do professor Dr. Manoel dos Santos Filho, da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT).

Com o tema "Colapso de Fronteiras: o que a onça-pintada nos ensina sobre conectividade e resiliência no Pantanal", a palestra será realizada às 16h, no Auditório do INPP, com transmissão online pela plataforma Even3. As inscrições são gratuitas, e os participantes receberão certificado de participação.

Durante o evento, serão abordadas as estratégias ecológicas da onça-pintada (Panthera onca), principal predador terrestre das Américas e um dos símbolos mais emblemáticos da biodiversidade sul-americana. No Pantanal, sua ecologia revela padrões surpreendentes diante de pressões ambientais extremas. Estudos recentes demonstram que, em áreas com abundância de peixes e jacarés, a oferta de presas aquáticas funciona como um poderoso subsídio ecológico, permitindo densidades populacionais elevadas para um grande felino, e provocando a quebra parcial da territorialidade, com indivíduos tolerando grande sobreposição espacial e social, desafiando os limites tradicionais do uso do espaço.

Entretanto, essa plasticidade ecológica tem seus limites. A intensificação de eventos climáticos extremos, como secas severas e incêndios, tem alterado profundamente o funcionamento ecológico do Pantanal. A perda de habitat, a escassez de água e a redução na disponibilidade de presas, provocam deslocamentos forçados, mudanças de comportamento, e aumento da competição com outras espécies. Esses efeitos em cascata não afetam apenas a onça-pintada, mas comprometem a integridade ecológica das comunidades de mamíferos da região.

Com base em dados de monitoramento remoto, armadilhas fotográficas e análises ecológicas avançadas, os estudos que fundamentam esta palestra revelam como a onça-pintada responde, e até que ponto resiste a perturbações ecológicas em larga escala. Assim, o felino nos oferece valiosos aprendizados sobre os desafios contemporâneos da conservação em ecossistemas altamente dinâmicos e vulneráveis. Mais do que um símbolo, a onça-pintada é um termômetro ecológico: sua resiliência e seus deslocamentos nos ajudam a compreender os impactos de um Pantanal em transformação.

Sobre o palestrante

Manoel dos Santos Filho é graduado em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado de Mato Grosso (1994), com mestrado e doutorado em Biologia (Ecologia) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (2000 e 2005). É professor titular da UNEMAT, onde atua também como orientador no Mestrado em Ciências Ambientais e no Doutorado da Rede Bionorte. Coordena o Laboratório de Mastozoologia da Instituição, e é curador da Coleção de Mamíferos. Sua trajetória acadêmica é voltada à ecologia de mamíferos, com foco em temas como Pantanal, Cerrado, vertebrados e fragmentação de habitats.

Sobre o Ciclo de Palestras

O Ciclo de Palestras Wolfgang J. Junk é uma iniciativa do INPP que busca promover o debate científico interdisciplinar, reunindo especialistas de diferentes áreas para compartilhar os avanços de suas pesquisas. As temáticas abordadas priorizam a conservação de ecossistemas, especialmente o Pantanal e outras áreas úmidas, o desenvolvimento sustentável, e a ciência aplicada às políticas públicas ambientais.

📌 Link para inscrição: www.even3.com.br/ciclo-de-palestras-wolfgang-j-junk-612498