Com 24 anos de história, trajetória da Mupan reforça legado de transformação socioambiental com grande representatividade feminina

20/08/2024

A Organização Não-Governamental, criada em 2000, atua no Pantanal com projetos e iniciativas que aliam a conservação, geração de conhecimento e empoderamento de lideranças, especialmente de mulheres

Em 20 de agosto de 2000 nascia a Mupan – Mulheres em Ação no Pantanal, a primeira organização não governamental do Pantanal voltada para a incorporação de gênero na gestão das águas, com o objetivo de empoderar mulheres e comunidades tradicionais para a defesa de seus territórios, por meio de metodologias colaborativas e parcerias.

Num aspecto geral, a participação ativa das mulheres em suas comunidades locais sempre existiu, mas havia uma lacuna nos espaços de tomada de decisão e a gênese da criação da Mupan veio dessa mobilização em ter uma maior representatividade feminina nos processos decisivos em relação aos recursos naturais.

A partir da sistematização de pesquisas promovidas com atores locais, o cenário ambiental começou a tomar outra forma. Na primeira aferição realizada em 2007, a participação feminina nas instâncias que discutiam localmente o tema representava cerca de 80% do todo, mas não alcançava 15% quanto às tomadas de decisão. Atualmente, em paralelo aos esforços impulsionados também pelo coletivo, essa representatividade já ultrapassa 30% nos espaços de decisão.

Durante seus primeiros 15 anos, a Mupan se concentrou na mobilização de conhecimento, com foco em processos formativos, fomentando a participação em redes e coletivos. Também liderou diálogos com governo, setor privado, com as comunidades e organizações não governamentais (ONGs), tanto no Pantanal, sua região transfronteiriça focal, quanto em outras instâncias, como conselhos e comissões do Brasil.

A exemplo do incentivo à pauta de gênero dentro do desenvolvimento socioambiental, a Formação GAEA (Gênero, Água e Educação Ambiental) aconteceu entre os anos de 2013 e 2016 e foi reconhecida pela ONU Mulheres como Boa Prática em Capacitação e Igualdade de Gênero.

Agora, após a fase formativa e de enfrentamentos, a ONG comemora 24 anos com conquistas que perpetuam seu trabalho pioneiro de empoderamento e restauração do meio ambiente. E, como prova da consolidação de suas iniciativas, a transição entre etapas de projetos e as novas parcerias conquistadas mais recentemente aumentam o alcance da Mupan como agente transformadora.

Voltando olhos para recursos, o apoio direto da The Pew Charitable Truts viabilizou as ações projetadas para o Território Indígena Kadiwéu e a elaboração do Plano de Vida TI Kadiwéu é resultado de um desafio superado: unir diferentes agentes sociais para promover melhorias e gestões mais inteligentes em áreas protegidas. Numa trilha correspondente, o fortalecimento da agenda TICCA (Territórios e Áreas Conservadas por Comunidades Indígenas e Tradicionais) se deu a partir da parceria com a Synchronicity Earth, apoiando comunidades tradicionais, instituições, lideranças, entre outros, no processo de registro.

Os trabalhos em rede e cooperações fazem parte da trajetória da Mupan, sempre estabelecendo projetos e trabalhando em processos de co-construção de conhecimento, mas o divisor de águas, que alavancou seus esforços, foi o estabelecimento da Wetlands International no Brasil, em 2017.

Com uma parceria antiga, a Wetlands já atuava, junto a Mupan, em iniciativas e projetos, mas a influência em políticas públicas e maior envolvimento de outras comunidades em ações só virou uma realidade com o novo escritório. O Programa Corredor Azul (PCA), da Wetlands International Brasil, e a Iniciativa Aquarela Pantanal estão entre os programas de destaque, orientados por essa cooperação.

No momento, o PCA inicia sua 3ª Fase de implementação, já a Iniciativa AquaREla Pantanal segue para a fase de monitoramento e manutenção das ações realizadas no período de restauração da Reserva Privada de Patrimônio Natural (RPPN) Sesc Pantanal. Os recursos captados para a execução da Iniciativa vêm do Projeto Estratégias de Conservação, Restauração e Manejo para a Biodiversidade da Caatinga, Pampa e Pantanal (GEF Terrestre/Funbio), que visa promover a conservação da biodiversidade dos biomas.

A Iniciativa é uma referência na questão da própria restauração do Pantanal, a restauração em áreas úmidas, e contou com a mobilização de diferentes instituições e comunidades.

Para além, os recursos captados a partir do contato com o GEF Terrestre/Funbio e DOB Ecology integram o amadurecimento das ações apoiadas pela Wetlands, e pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), sendo eles: o Plano de Manejo Para a Consolidação do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro e a elaboração do Plano de Manejo Integrado do Fogo (MIF).

Diante de toda a evolução dos projetos e parcerias, e da solidificação do coletivo como instrumento de transformação socioambiental, a Mupan agradece a todos os participantes, colaboradores e instituições que acreditam no propósito da organização, de ampliar a participação efetiva das mulheres nas tomadas de decisão sobre a gestão dos recursos naturais, em especial da água.